sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Vidros fechados

Escuto você chorando, mas você não está chorando. Vejo o brilho da festa, de muito longe. Os bombeiros passam.
Carrego, a partir das nove ou das dez
o peito aberto e a janela de vidro, fechada; lá fora é fresco demais.
Na minha noite sem sono e sem sexo, cruza o voo de um pássaro pela janela; um pombo, um morcego talvez.
São três, são quatro, são cinco; o voo é curvo, a noite é cinza, a alma pesa.
Não cai o pássaro com o peso da alma, não cai o sono.
Escuto você chorando, mas você não está chorando. Escuto você chorando, mas você não está chorando. Escuto você chorando, mas não.
Este à janela sou eu.



Ana Claudia Abrantes

Nenhum comentário: